Arre Bento
"O anuncio de Jesus e de seu evangelho não supôs, em nenhum momento, uma alienação das culturas pré-colombianas. Nem foi uma imposição de uma cultura estranha."
Entre os absurdos proferidos pela Papa em sua visita ao Brasil para mim o mais gritante de todos - embora não tenha sido destacado pela imprensa - foi sua tentativa de negar a história
algo praticamente ao nível dos que desmentem o Holocausto
estabelecendo em discursos que não houve choque na dominação católica sobre os povos indígenas e as civilizações autóctones da América Latina.
Ao invés do massacre
"a sabedoria dos povos os levou, felizmente, a formar uma síntese entre suas culturas e a fé cristã que os missionários lhes ofereciam".
O raciocínio arrevesado-teológico de Ratzinger é (bem resumidamente) a seguinte:
Cristo é encarnação suprema das crenças - "o logos encarnado" - portanto ele está subjacente em todas as culturas.
Os povos latino-americanos apenas aceitaram aquilo que já estava em si e não reconheciam.
Sim. "Aceitaram". A ferro e a fogo.
No catolicismo revisionista, não houve choques.
Como no papo dos torturadores que negam ter havido choques - elétricos e outros - nos porões da ditadura brasileira. Faziam era cosquinhas.
Para o Papa atual essas cosquinhas foram um processo natural de transição de uma cultura para outra.
"As autênticas culturas não estão petrificadas em um determinado ponto da história."
Ué, não é ele próprio que está se empenhando em petrificar a cultura católica?
Marcadores: palavras