Palavras
Visitei os subúrbios da zona sul de Beirute nesta semana, pela primeira vez desde que Israel os bombardeou impiedosamente. Era impressionante observar o trabalho de limpeza e reconstrução que estava em execução pelo Hizbollah, pelo governo e por dezenas de organizações não-governamentais tanto libanesas quanto estrangeiras. Dezenas de milhares de pessoas caminhavam entre os destroços exibindo orgulho e um senso de realização por terem resistido aos ataques e pelo Hizbollah ter conseguido impor ao menos um empate em seu confronto com Israel.
Mas nem todos os meus sentimentos eram positivos, enquanto eu via o Hizbollah distribuir pagamentos em dinheiro no valor de US$ 10 mil ou mais para permitir que as famílias cujas casas foram destruídas sobrevivessem ao longo do próximo ano. Eu não pude deixar de imaginar como seria se a guerra não tivesse acontecido e o Hizbollah tivesse dado às cerca de 15 mil famílias elegíveis US$ 10 mil para outros fins, como comprar computadores, enciclopédias e livros de poesia ou propiciar educação universitária a milhares de estudantes merecedores.
Mas o mundo não gosta disso.
- Ramig Khouri