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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    quarta-feira, outubro 20, 2004

    BANANAS AO VENTO

    A dessocialização que se associa com a proliferação dos computadores
    clichê de ficções científicas e dogma de luditas sociológicos
    ocorre de fato em nosso mundo desenraizado
    porém não é uma constante determinada.

    A internet - uma rede de troca de informações, rasteiras ou profundas - é um escoamento importantíssimo de contatos entre as pessoas
    mesmo que "virtualmente"
    porem a tela fria não incorre necessariamente em incalor-humano.

    O plano de convivencia-nao-fisica não se cria apenas pela possibilidade internáutica, é uma existencia demandada por nossos tempos conturbados.
    Vivemos num novo mundo. A pracinha das domingueiras mudou.
    Para pior! - muitos gritam. Mas estamos nele e temos que nos alcançar de alguma forma.

    Cito exemplo pessoal (embora possa me reconhecer como exceção).
    Através da internet fiz diversas amizades.
    Não, não contatos eventuais, troca de emails, falsos dados de superfície.
    Amigos mesmo, alguns de anos, acompanhando histórias no tempo, vivendo vidas aparte porém tocando-se em algumas vertentes.
    E outros alguns destes passei a conhecer fisicamente.
    Outros, os conheço melhor (e com eles converso mais) do que com a maioria de meus conhecidos "reais".

    Atualmente a grande esquina do encontro para bebericos virtuais é o Orkut.
    Com minha paixão por imagens prefiro coisas como a imensa comunidade mundial do Fotolog
    onde conheço não só as pessoas
    mas sua arte, seus olhares, suas sensibilidades (ou ausencias de), suas moradias & cidades, seus universos.

    (No caso dos fotologgers cariocas, com a sociabilidade peculiar à região - caracteristica em resistencia!- isto transbordou para encontros pessoais e físicos e enriquecedores, impulsionando-nos a sair às ruas e galgar paisagens novas, desmentindo categoricamente o caráter alienante e isolador em se estar plugado.)

    No Fotolog já nos solidarizamos por problemas diversos, nos consolamos com fotos perdidas, computadores roubados, mortes de cães, passagem de parentes, roubos de gatos, doenças de periquitos, nos mobilizamos para dar uma força a subitamente endividados e até nos organizamos em revolta contra o próprio Fotolog.

    Pela primeira vez agora compartilhamos uma dor maior que é a morte de um dos companheiros de um círculo mais próximo de criadores de imagens, aqueles que nos acompanhamos todos os dias, trocando constantemente textos, fotos e impressões sobre o mundo. O falecimento do Joaquim Marques após uma longa luta - que também fomos acompanhando - acaba sendo sentido como se eu, e nós, fossemos dele amigos "de verdade".

    O ciberespaço é um mundo "de mentirinha"
    com amigos "imaginários"
    e de emoções bem reais.



    foto de Joaquim Marques

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