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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)


  • sexta-feira, agosto 13, 2004



    CERIMONIA DE ABERTURA

    Aqui somos divididos nesta questáo. Eu gosto de espetaculos de multidao e AnaPinta acha um saco. Ela também é radical com essa história de Olimpíadas. Recusou-se a tomar o mínimo conhecimento daquele rebuliço todo da Tocha Olímpica passar pelo Rio por considerar aquilo tudo como um imenso comercial da Coca-Cola. Não deixa de ter razão.

    As Olimpíadas atuais ela considera um evento de cartas marcadas onde ganha mais uma vez o poder economico dos bem de vida, auxiliados por um festival de dopings ilícitos ou disfarçados. Quando argumento com ela que o interessante mesmo não são esses, são os pes-rapados que conseguem sobrepujar os obstaculos contrarios e marcar algum espaço, ela fulmina:
    - Tem seus instantes de glória e vão morrer na miséria, esquecidos pelo seu povo.

    Mas como fomos almoçar no Amigos da Ilha - uma couve supimpa no azeite - e o Ivan deixa sempre a televisão ligada, acabamos vendo os dois a cerimonia na Globo, quer dizer, eu via e Ana tentava ignorar a imagem e a falação antidigestiva de Galvão Bueno.
    E eu por mim achei arrebatador a apresentação organizada pelos gregos.

    A água dentro do estádio, o fogo surgindo na água, entrelaçamento de elementos.
    A simplicidade de um barquinho de papel e um menino e uma pequena bandeira.
    E o painel historico no estilo de um friso grego, muito bem transado.
    Coreografia e vestimentas excelentes, o Eros correndo como se pisasse no ar, fazendo seus malabarismos enquanto humanos deuses e semi-deuses desfilavam abaixo.

    Não consegui ver-ouvir a transmissão da Globo por muito tempo. Galvão Bueno é insuportável. Aliás, a falação dos locutores brasileiros atrapalhou em muito a fruição da festa. Vi à noite por inteiro na ESPN e Milton Leite também falava sem parar e lia emails do publico nos momentos mais emocionantes.

    Olimpiada pra mim é uma marcação do tempo - os quadriênios - como a Copa - e cada abertura é uma memória. Hoje no almoço lembramos do Misha deixando escorrer uma lágrima no encerramento de Moscou. Misha o ursinho era formado por uma multidão. No tempo em que efeitos especiais eram feitos por multidões bem treinados. Especialidade dos sovietes.

    Barcelona tambem foi o máximo. E espero não ter que aturar nunca mais uma abertura tão brega quanto a de Atlanta!

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