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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)


  • quinta-feira, maio 20, 2004


    BRASIL X FRANÇA: EU ESTAVA LÁ

    Não exatamente no estádio de Saint-Denis onde as duas equipes se enfrentaram para decidir a Copa do Mundo de 1998.
    Eu estava no suntuoso e tecnológico Centro de Imprensa que a FIFA construiu em Paris.
    Assisti pasmo aos jornalistas franceses darem a volta olímpico no saguão-galpão onde videowalls gigantescos reprisavam os gols de uma partida inacreditável, aos gritos de un, deux, trois...

    Domingo de sol, tempo belíssimo, fomos almoçar em Montparnasse
    João Máximo, Mansur e eu - a equpe -
    havia um clima um pouco triste pois estava acabando a nossa cobertura da copa
    daí a dois dias voltariamos para casa cada um tomaria seu rumo e a realidade suspensa naquele mundo encantado do futebol e das torcidas seguiria o seu curso
    mas principalmente já estávamos embriagados com a vitoria do Brasil na Copa
    uma certeza certa
    depois dos sufocos nos penaltis contra a Holanda
    vitoria & gloria ainda mais saborosa por nós estamos ali, presentes,
    num restaurante maravilhoso tomando muito e muito de um vinho delicioso
    um aquecimento para a farra da comemoração brasileira.

    Máximo foi para o estádio, Mansur para St. Denys (faria a cobertura das torcidas na porta do estádio) e eu fui caminhar por ruas já me despedindo de Paris. Estava leve e eufórico e um tanto tocado de bebida e expectativas.,
    Depois iria para o quartel-general da Globo de onde transmitiria impressões durante a partida em tempo real.

    Quando cheguei lá o tempo estava cinzento e o clima era de pavor.
    Já tinha chegado a nóticia de que "algo" tinha acontecido com Ronaldo que estava internado num hospital sendo atendido por médicos franceses
    e que na concentração brasileiras todos estavam desarvorados
    com jogadores da Seleção novamente brigando entre si.

    De certa forma, estar na central da Globo foi mais interessante do que assistir do estádio. Claro, no estádio teria o calor e o ardor da torcida, o cheiro da bola, os gritos, a cantoria, a presença humana, mas esta foi uma final de Copa do Mundo onde o mais importante aconteceu fora de campo.

    E lá eu estava conectado direto aos fatos. Do estádio por exemplo eu jamais entenderia o desespero que se apossou dos jogadores brasileiros quando Ronaldo caiu junto à area francesa e demorou-se a levantar. Segundos em quenós também pelos monitores prendemos a respiração e perdemos as esperanças.

    Pois os fatos àquela altura misturavam-se indissoluvelmente com os boatos. Se a Seleção Brasileira transformara-se num formigueiro de baratas tontas, a Rede Globo não ficava atrás. Informações desencontradas despirocavam todos. Todo aquele aparato tecnológico de última linha aguadando o início e o desfecho de uma festa que agora desandava.

    Assisti aos esporros de Galvão Bueno puto porque lhe entregaram uma escalação da Seleção Brasileira - que leria daí a alguns minutos - com o nome de Edmundo no lugar de Rrrrronnaldiiiinhooooo sem que ninguem tivesse lhe informado antes dessa mudanças, e - o mais importante - porque.
    Vi o nervosismo de Galvão quando leu a escalação, no ar, a Seleção Canarinho entrando no campo palco da performance vitoriante, Aldair! Roberto Carlos! Cesar Sampaio! Edmundo!
    a voz dizendo Edmundo e a visão vendo que quem estava ali, com a camisa nove, era o próprio Ronaldo entrando em campo!

    Galvão puto como é que vocês me deixaram dar um furo desses! mas ninguém na Globo inteira sabia que Zagalo arregara e deixara Ronaldo entrar mesmo após tantas hecatombes. E ninguem sabia tambem explicar o que ele estava fazendo ali se já tinha sido dado até como morto.

    A partir daí nada dava certa naquelas imagens irreais, como sonho, como pesadelo, onde o nosso futebol não coalescia, numa apatia apátrida, exangue, que a gente não reconhecia.

    Ao fim de tudo, foi uma festa bonita. O Brasil perdeu a Copa do Mundo mas algumas horas depois isso não tinha importancia enquanto eu navegava pelo mar de gente celebrante allez les bleues que banhava o Champs Elysée
    e foi uma das noites mais loucas e emocionantes de toda a minha vida
    uma peregrinação de 16 horas por uma Paris enlouquecida
    em azuis brancos e rouges.

    Me lembro num flash de estar de roupa e tudo dentro de um chafariz enquanto franceses derramavam cerveja sobre mim e eu jogava agua para cima para os raios do sol do day after que amanhecia. Vejo a belíssima foto que tirei, com a luz fortemente amarela de um sol nascente da linda mulher branca branca que dormia num banco de praça, os sapatos e as meias meticulosamente arrumados ao pé do banco.

    Ronaldo está mais gordo e voltou a ser o Fenômeno. Tem um outro Ronaldinho que talvez seja melhor ainda. Zidane está mais careca.
    Seis anos depois.

    E o que está amarelando agora são essas lembranças...

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