QUEM SERÃO OS INATIVOS TAXADOS
Foi o Estadão - logo o Estadão! - quem publicou aquilo que venho colocando há muito tempo:
toda essa discussão em torno da taxação de inativos embutido na reforma da Previdencia
é um desviante sobre questões mais importantes a serem debatidas.
Os radicais urram, a imprensa tasca, os aposentados temem, mas o fato é que - principalmente se aprovado ao piso de R$ 2400 - esta taxação não deixa de ser uma forma de distribuição de renda, tirando de aposentadorias polpudas os meios de saldar aposentadorias necessitadas.
Cito a reportagem de Fernando Dantas em primeira página:
De 176 milhões de brasileiros, não mais que 2%, ou 3,5 milhões, serão afetados pela contribuição dos inativos do setor público. Mais de 90% deles estão entre os 20% mais ricos do País, e mais de 70% estão entre os 10# mais ricos.
(...)
A contribuição dos inativos está novamente dominando o debate, mesmo não tendo nenhum impacto sobre 98% dos brasileiros e praticamente não afetando os 80% mais pobres da população.
É que nesses 2% estão aqueles com os meios de impulsionar este ponto até uma polêmica nacional.
O que não entendo é como o PT - supostamente um partido conectado com as massas - não está conseguindo esclarecer isto melhor. Por que não coloca isto de forma clara e didática?
A fonte principal de verbas para a Previdência deveria ser o combate renhido à sonegação (e à cultura da sonegação)
desse buraco sem fundo realmente poderia sair dinheiro.
Mas a taxação proposta aos inativos com aposentadorias maiores não é essa extorsão desalmada de velhinhos à beira do infortúnio que está sendo propagado.