A COMIDA DADA, OLHA-SE OS DENTES?
Apesar de ser cedo para definições & cobranças
eu esperava mais das ações sociais iniciais do governo PT.
Achava que iriam entrar arrasando, com um plano de 100 dias mobilizador, um Novo Deal que colocasse o exército distribuindo comida, os desocupados criando utilidades, além do fome zero, etc etc.
Mesmo o carro-chefe do lado social do governo, este Plano Fome Zero, parece ter sido improvisado na hora. Tem alguns detalhes estranhos. Essa história de exigir recibos e notas para controlar os gastos dos cartões magnéticos...
desconhece a magnitude do comercio informal no interior.
Retira do circuito os mínimos produtores que tem uma plantaçãozinha, um gadinho pra dar leite, e que não tem como dar nota fiscal para os famintos.
E porque cartão? Pela magia do plástico, valorizando a esmola? Por que não dar o dinheiro logo, como quer Suplicy? Vão gastar tudo em cachaça? Como controlar a caridade?
Dálcio Machado fez esta charge interessante sobre a questão:
É como no louvável projeto de dar posse nas propriedades em favelas.
Um detalhe pode por o projeto a perder: quem vai administrar isto são as associações de moradores ao invés de técnicos das prefeituras.
É claro que isto vai criar um poder paralelo nas associações - com um mercado negro de posses - num momento em que grande parte das associações de moradores estão dominados pelo tráfico.
Em muitos lugares o tráfico vai controlar quem vai poder morar aonde.
E se já estão expulsando representantes legítimos das associações (matando-os, inclusive), agora que elas representam este poder extra, os traficantes ainda mais vão se assanhar.
Técnicos das prefeituras podem ser corrompidos, podem transformar a estipulação de posses num jogo político, mas me preferem uma opção preferível ao tráfico.
Neste caso, a comunidadização das ações comum à esquerda precisaria ser melhor pensada.