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quarta-feira, agosto 24, 2016

"Suicida das sete às quatro, por favor."

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Augusto Madeira lê Geraldo Mayrink

Geraldo – Você me contou que, um dia, um cara chegou lá pra te torturar com uns fios elétricos e você disse “Tortura do lado de cá que é mais humano. Aqui eu estou com uma ferida....”. Aí o cara ficou puto da vida com você.
 
GABEIRA - Realmente houve isso. E estava com a barriga toda costurada. O cara não botou o fio em lugar nenhum, se sentiu meio... É uma situação tão absurda... O Capitão Homero ficava me apertando lá na ferida ao mesmo tempo em que eu ficava tomando soro por causa do tiro. Aí dava aquelas golfadas de sangue no canudo por onde eu me alimentava. Chegou um momento em que ele disse: "Pára Pára! Sou torturador mas não sou médico! Não aguento esse troço"! Achou nojento e foi embora.

Geraldo — E o carcereiro que chegava: "Bom dia, Sr. Sequestrador"?

GABEIRA - Uma vez, quando eu estava na Operação Bandeirantes, Frei Tito tentou o suicídio. Aí um carcereiro chegou e falou: "Pôxa, sou amigo de vocês, trato vocês bem, será que vocês podiam não tentar sê suicidar no meu plantão? Vai me complicar..."

Ziraldo - "Suicida das sete às quatro, por favor."



As Grandes Entrevistas do Pasquim
episódio onze: Gabeira
reprise domingo às 11:00
Canal Brasil

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