"Após os Jogos, a Vila Olímpica se transformará num empreendimento imobiliário batizado comercialmente de “Condomínio Ilha Pura”. Em entrevista publicada no site da ESPN em julho de 2015, o porta-voz do Ilha Pura, Maurício Cruz, afirmou: “A grande surpresa para os atletas será o fato de ser um conceito diferente das Olimpíadas anteriores. A proposta usual sempre foi fazer a Vila como um alojamento, uma coisa simples, como se fosse uma habitação popular, que depois vira um legado para o Estado vender de forma subsidiada para pessoas que necessitam de moradia. Aqui no Rio, foi dada a sugestão de oferecer uma Vila em uma localização melhor, perto do Parque Olímpico, com apartamentos mais confortáveis, condomínio estruturado, perto da praia e da lagoa, para as delegações verem aquilo que é o Rio. Não fazia sentido colocar a Vila na periferia”.
A fala é reveladora em vários aspectos. É sintomático que Cruz tenha assumido que a Vila Olímpica foi construída para que estrangeiros pudessem ver “aquilo que é o Rio”. O pressuposto aqui é que a periferia não é o Rio, mas uma espécie de apêndice incômodo e irrelevante da cidade. Quando afirma que “não fazia sentido colocar a Vila na periferia”, a pergunta que deve ser feita é: não fazia sentido para quem? Para o poder público? Para a maioria da população? Ou para os “parceiros” da iniciativa privada?"
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