Em 2004 o Salão focaliza o Humor sob vários aspectos: na imprensa, no cinema, na TV, na literatura, no teatro, na música, nas artes gráficas e no cotidiano das pessoas. Teremos ciclo de debates, espetáculos musicais, filmes, programas de TV, concurso de piadas, exposições, peças teatrais, tudo interligado pela Arte de fazer rir - e ao mesmo tempo refletir. E como a boa convivência também é fator de Humor, um barzinho será instalado nas arcadas da Laura Alvim, como ponto de encontro entre as pessoas.
No Teatro da Laura Alvim estarão se apresentando Jaguar, Lan, Tim Rescala, Macalé, Martinho da Vila, Moacyr Luz, Osmar Milito, Grelo Falante, Conga a Mulher Gorila, Subversões, Os Optimistas, Mu Chebabi, Eduardo Wotzik, Cecil Thiré, Nós na Fita, Jazz-6 (a banda do Veríssimo), Companha Estadual de Jazz (a banda do Reinaldo), Abacaxi no Prato (com a banda dos Irmãos Caruso) e personalidades de cinco áreas diferentes debatendo o ofício do Humor.
Nos cinemas, mostra de filmes. Nas Arcadas, lançamentos de livros e animações de Humor, e um telão exibindo videos, programas de TV antigos como Tv Pirata e vinhetas como a série de Plim-Plins da Globo. além dos espetáculos que estiverem acontecendo no Teatro.
O carro-chefe do Salão Carioca continua sendo as exposições de Desenho de Humor. O tema este ano é a charge política e o homenageado é Chico Caruso, comemorando seus 20 anos de charges diárias em O Globo. Nas galerias da Laura Alvim, Chico fará a retrospectiva do ano - o primeiro ano da Era Lula - através dos originais de suas charges e da transmissão de suas charges animadas para o Jornal Nacional.
Na Casa de Cultura Laura Alvim, também, a exposição do Concurso Nacional, que atualmente é junto com o de Piracicaba o mais importante da América Latina. Este ano houve um número recorde de trabalhos inscritos - 3220 - das quais as 60 melhores obras poderão ser apreciadas pelo público.
O evento expande suas exposições até o Centro da cidade, com a participação do Espaço Cultural dos Correios, trazendo a homenagem de Paulo Caruso aos 450 anos de São Paulo, a nossa homenagem ao Redi (falecido recentemente) e uma mega-exposição de Chico Caruso contando a história brasileira de 1984 a 2004 através de 200 charges. E a participação da Casa França-Brasil, onde Pedro Corrêa do Lago organizou um panorama histórico com os maiores caricaturistas e cartunistas brasileiros, cobrindo de 1836 ao nosso tempo.
Durante 42 dias - de 1 de março a 11 de abril - o Rio viverá em estado de graça e na companhia dos maiores profissionais de humor de todo o Brasil e de alguns dos grandes feras do cenário mundial. Reunimos uma constelação de convidados internacionais de primeiríssima grandeza: Sábat, do jornal argentino Clarín; Pat Oliphant dos americanos New York Times e Washington Post, Antonio, do português Expresso e Steve Bell, do inglês The Guardian. Os convidados nacionais são Paulo Caruso, Angeli, Laerte, Cárcamo, Rossi, Dálcio Machado e Alcy Linares (SP); Veríssimo, Santiago, Edgar Vasques e Rodrigo Rosa (RS); Quinho e Lélis (MG); Cau Gomez e Simanca (BA); Biratan (PA) e Albert Piauí (PI). Reunindo-se aos craques locais, como Millôr, Ziraldo, Claudius, Caulos, Aroeira, Loredano, Trimano e tantos outros. Alguém ainda duvida que o Rio sempre foi e vai ser a capital brasileira do humor?
Pela primeira vez a Casa de Cultura Laura Alvim estará totalmente voltada para o Salão Carioca de Humor, com todos seus espaços tomado por manifestações humorísticas. A participação do público - a peça mais importante do evento - será fantástica. E o espírito de Laura Alvim certamente estará presente. Tudo isto é uma continuação de sua história.
Laura Alvim, mecena das artes, foi filha de Álvaro Alvim e neta de Ângelo Agostini, o maior caricaturista brasileiro do século XIX, fundador da Revista Ilustrada, a publicação de maior sucesso no Brasil em sua época. Agostini é considerado um dos primeiros artistas do mundo a criar histórias na linguagem dos quadrinhos.
Laura se considerava a primeira garota de Ipanema, pois se mudou em 1913 para esta praia selvagem cheia de pitangueiras e cajueiras.. No colégio tinha o apelido de "Petite Voltaire" por seu gênio irreverente e contestador. Darcy Ribeiro a considerava a Leila Diniz dos anos 20, pelo seu comportamento arrojado. Seu grande sonho era transformar a casa onde morava, de frente para o mar de Ipanema, em um centro dinâmico de cultura.
Um pouco antes de morrer, em 1984, preocupada em não realizá-lo, chamou sua amiga Fernanda Montenegro, que jurou concretizá-lo. E Laura então lhe disse: -"Agora eu acredito".. Nesse mesmo ano, tendo Fernanda, Darcy Ribeiro (Secretário de Cultura) e Mariana Alvim (sua irmã) como testamenteiros, Laura Alvim doou sua casa ao Governo do Estado, que desenvolve desde a sua inauguração uma programação cujo objetivo permanece: a integração do fazer artístico e do lazer cultural. Cumpriu-se a vontade de Laura.
É com essa determinação que realizamos o XV Salão Carioca de Humor. Com o mesmo gás, com a mesma garra, de todas as suas edições anteriores, desde 1988 quando se homenageou J. Carlos e Henfil. E já começamos a programar os próximos, valorizando o Humor como aspecto cultural primordial de nossa sociedade.
Como disse Millôr Fernandes, o Rio de Janeiro continua rindo e, como disse Gilberto Gil, hoje nosso Ministro da Cultura, lindo. Sempre.