Mais uma vez FHC desmente o seu suposto candidato, José Serra do PSDB. Serra, no seu afã arfante de terrores, comparou Lula a Chavez, pois, caso eleito (o Lula) o Brasil viraria uma Venezuela.
FHC considera - e o diz publicamente - estas comparações superficiais e negativas. A contradita chateia Serra e achata ainda mais sua candidatura. As palavras de um e outro (Serra e FHC) se desencontraram antes, quanto ao Mercosul, quanto à necessidade de diploma para ser presidente, etc.
Desde o primeiro momento venho dizendo - para o descrédito de alguns - que o desencontro não é ocasional nem jogo de cena: Fernando Henrique Cardoso tem o seu candidato para vencer as eleições de 2002. E esse candidato é Lula.
Hipóteses:
1. por uma estranha afinidade, talvez remontando aos primórdios do PT, aos momentos de redemocratização - havendo ainda, no fundo, bem no fundo do atual FHC resquícios daquele sociólogo sonhador que escrevia textos de esquerda. For old time´s sake...
2. A vaidade e ambição de FHC não tem limites nem prazos e deixa o Planalto já pensando num breve retorno. (Se não ele, sua turma.) A posse de Serra seria um terceiro mandato do mesmo no poder e seu retorno na próxima eleição seria praticamente impossível. Ou: um governo da atual "oposição", se desastroso - e o desastre ronda na esquina - abriria caminho para uma volta redentora da atual "situação".
3. Mauro Santayana desenvolve um terceiro raciocínio através de diálogos, numa conversa de bar filosófico, no Pasquim21 desta semana.
Não estou a entender.
Fácil, Manuel. Fernando Henrique quer é Lula, mesmo.
Mas não era o Serra?
Era, mas só pra banqueiro ver.
Continuo não entendendo.
Se o Serra fosse eleito, e mudasse as coisas, ficava claro que o fracasso do governo era responsabilidade dele. Se o Lula mudar as coisas, tudo certo, é coisa da Oposição. Mas se o Serra mudar, não é coisa só da Oposição. É coisa da competência. E aí, FHC vai passar por burro, e isso ele não aceita.