POSTS QUE ACABAM SENDO COMENTÁRIOS

Peço licença aos dois acima e aos demais leitores para expor algumas observações sobre as colocações
pois o fato de se retratar um Presidente da República de maneira jocosa-demeritória, retratando-o ao dizer palavrões (logo o Lula!) e caracterizando um acordo comercial como um ato sexual pode ser pertinente.

Gostaria de dizer que trabalho profissionalmente com Humor há mais de 30 anos e considero o desrespeito às autoridades uma das características mais saudáveis e necessárias ao ser humano, principalmente quando estas mesmas autoridades reciprocamente faltam com o respeito aos seus súditos, e principalmente quando esse retorno é canalizado através da arma eficaz e desopilante que é a linguagem do Humor.
Há nuances entre a falta de respeito a que me refiro e à falta de educação à qual Brunno se referia, mas creio que o uso do bom humor as diferencia.

(Creio também que uma discussão sobre falta de respeito no caso seria bastante interessante se processada numa fila de INPS entre os anciãos de mais de 90 anos forçados a se locomover em benefício dos que se locupletam.)

E assim não acho que o riso seja uma fuga. Pelo contrário, seria um ataque. Ou contra-ataque. Rir não é o melhor remédio, é a melhor defesa.

Foi citado Jânio Quadros.
Uma pessoa seríssima, austera, de um mau-humor crônico (que não deixa de ser uma forma de humor). Não ria mas cometeu a tolice de renunciar à Presidência acreditando que seria carregado de volta nos braços do povo. E precipitou crises que deram numa ditadura de vinte e tantos anos.

Quanto ao Lula, discordo dele em muitos pontos - ainda mais depois que "chegou lá" - mas tenho enorme simpatia por ele como figura humana. Conheço ele pessoalmente e sei que tem um grande senso de humor e gosta muito de rir e inclusive de contar piadas a seu próprio respeito. Tenho certeza que não se incomodaria com a brincadeira em questão (que é mais uma brincadeira do que uma estocada política), assim como conseguiu achar graça - e nos disse isso - em outras piadas até pesadas que fizemos nos veículos de humor dos quais participei.

Quanto ao acordo com o FMI: realmente ninguem é obrigado a assinar o acordo. E me parece que as críticas sendo feitas pelos humoristas no caso recaem mais sobre a subserviência/conveniência de integrantes do Governo Brasileiro do que sobre a rapacidade ou incompetência deste órgão colonizador.

Mas - mantendo a analogia sexual exposta na potoca - argumentar que o Brasil poderia ter se recusado ou peitado o FMI é um tanto como perguntar a uma mulher porque ela se deixou ser estuprada se o cara tinha apenas uma faca encostada no seu pescoço. Ela poderia ter reagido, não é?

Quanto à "grossura" da terminologia, que poderia parecer excessiva e deslocada, sustento que "botar na bunda" ainda é pouco diante da ação nefasta que a interferência do Fundo Mundial e outros organismos neo-liberais produziram e estão produzindo no Brasil e em outros países (sim, Brunno, em parceria com os governantes locais também). Eu pensaria mais em usar o termo "genocídio".

No mais, apesar do exposto acima, respeito as posições e os comentários do Brunno e de pessoas que estejam tão indignados com o mundo ultrajante em que vivemos que não achem muita graça nas coisas. Está ótimo o debate. ricky