"A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) avisa em tom festivo que, no primeiro semestre de 2015, 355 jogadores made in Brazil foram negociados com o exterior. Tratou-se da maior movimentação desde 2011, vibra a entidade. E a colunista chora. Nada contra os meninos — a bem da verdade, famílias inteiras — que enxergaram na dobradinha bola & passaporte o bilhete premiado da mobilidade social, ainda complicadíssima na terra onde nasceram. As lágrimas têm a ver com o pesar de atestar a parcela humana da grande paixão nacional transformada em mercadoria. E ganham carga simbólica por brotarem no dia seguinte à chuvarada de dólares falsos que desabou sobre o poderoso chefão da Fifa, Joseph Blatter."
"Faz décadas, especialistas brasileiros em comércio exterior alertam para o perigo da pauta primária. O país estaria errando ao produzir e vender ao mercado internacional itens básicos sem qualquer valor agregado. Apenas lá fora as mercadorias seriam beneficiadas e, a partir daí, valeriam mais, gerando riqueza além de nossas fronteiras. É vender a soja em grão, barata, em vez do óleo, caro; o petróleo, em vez da gasolina; o minério de ferro, no lugar da chapa de aço. A venda precoce e intensiva de jogadores, da mesma forma, empobrece aquilo que já foi inestimável produto com denominação de origem, o futebol nacional."
leia a coluna de Flavia de Oliveira >>
naofo.de |