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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

  • Vislumbres

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    quarta-feira, dezembro 31, 2008

    Charges da Virada





    DUKE





    AMORIM



    PELICANO

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    terça-feira, dezembro 30, 2008

    Charges: sem olhos em Gaza




    DÁLCIO






    BENETT





    PIRES


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    Por aí: sem olhos em Gaza

    A auto-flagelação israelense
    a história por trás da guerra em gaza
    independent via o globo

    Direct from Gaza; This is only the beginning
    counterpunch

    Israel's Attempted Endgame in Gaza
    counterpunch

    Chris Hedges: party to Murder
    truthdig

    Fisk: The most tragic irony
    independent

    Tariq Ali: from the ashes of Gaza
    guardian

    segunda-feira, dezembro 29, 2008

    Charges




    SAMUCA

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    Palavras

    A linguagem é minha matéria plástica. Plasmo a linguagem para me ser nela. Agora não sei se sou um defeito de minhas origens ou um efeito. Gosto da semente da palavra, que é a voz de Deus que habita nas crianças, nos tontos, nos profetas e nos poetas. Gosto da infância da palavra.

    - Manoel de Barros

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    domingo, dezembro 28, 2008

    Natal Atual



    WALDEZ

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    Por aí...


    Quem é Gilmar Mendes, presidente do STF? Conheça a Família Mendes.

    caros amigos

    Garota de 19 anos, com doença terminal, terá que pagar $8000 a gravadoras americanas por disponibilizar dez músicas para amigos.
    tripwire

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    sábado, dezembro 27, 2008

    Natal Atual




    JOÃO BOSCO


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    Do Fazendo Média:

    Dois dias antes de partir, por acaso conversei com um policial militar. Estávamos em Botafogo, na Zona Sul do Rio, quando ele me contou o seguinte episódio: ele aguardava o ônibus no ponto quando um "menino de rua" se aproximou. O policial disse que se perdesse a arma seria o fim da vida dele e que se ele atirasse também seria o fim da vida dele. "E eu iria atirar, porque me embolar com ele no chão não iria". Perguntei se ele não era instruído para atirar em pontos não-vitais. Ele: "Não, a gente não tem muita instrução. Na verdade, a gente ganha mais ponto se acertar o tórax e a cabeça. Se acertar no coração ganha mais ainda. Mas nas pernas e braços não vale nada". Em seguida o policial me contou que o menino se aproximou "de maneira agressiva". O policial recuou e colocou a mão na arma. O menino perguntou "tá colocando a mão na arma por quê?" e foi embora. Um pensando ser o grande inimigo do outro, pensei enquanto ele falava...

    - Marcelo Salles



    sexta-feira, dezembro 26, 2008

    Charges




    DUKE

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    quinta-feira, dezembro 25, 2008

    Charge Natal




    TACHO


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    Palavras

    O socorro ao capital financeiro mundial lembra aqueles programas adotados em países que em vez de combater o comércio de drogas dão dinheiro para o usuário manter seu vício sem precisar recorrer ao crime.

    - Luís Fernando Veríssimo

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    Por aí

    Milionários russos pagam para ter dia de pobre
    globo


    Caso Caroline: algumas questões não consideradas
    Curadores da Bienal veem sensacionalismo e demagogia nas manifestações
    folha


    Vidas Blindadas
    globo

    sábado, dezembro 20, 2008

    Imagens




    ALice Smeets
    Foto do Ano - Unicef

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    Por aí....

    The internet: uncontrolled and dangerous
    guardian

    cinco versões de um nu
    guardian jazz
    (five jazz musicians create versions for radiohead´s nude)

    Enquanto isso, no Polo Norte...






    DÁLCIO


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    quarta-feira, dezembro 17, 2008

    Entrando de Sola


    Manchete das agencias internacionais:

    Bush comenta a sapatada em Bagdad: imprensa é livre no Iraque democrático.

    Deve ser por isso que cobriram o jornalista de porrada, fraturaram seu braço e ele está preso aguardando condenação.

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    Madonna em charge




    AROEIRA


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    terça-feira, dezembro 16, 2008

    Só no sapatinho

    Desde o porque no te calas
    proferida pelo rei Juan Carlos para Hugo Chávez
    que o mundo inteiro não aplaude tanto um gesto.

    Charges Sapatadas





    AMORIM







    QUINHO






    AROEIRA





    DÁLCIO


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    segunda-feira, dezembro 15, 2008

    Por aí....

    Acusar a grafiteira Carolina da Mota, presa há 52 dias, de "danificar patrimônio tombado" é estratégia hedionda
    folha


    Bush leva sapatada
    video em BBC Brasil


    Repercussões da Sapatada
    folha online


    Pentágono fracassou no Iraque, diz relatório

    nytimes via estadão


    Ivan Lessa revela o pior escandalo de Obama
    bbc brasil

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    domingo, dezembro 14, 2008

    Charges de Peso




    VERONEZI






    AROEIRA





    AMORIM


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    Ota faz leilão do MAD



    Neste domingo (14/12) rola um leilão de objetos relacionados a revista "Mad" organizado por Otacílio D´Assunção Bastos (o Ota, na foto), que por mais de 30 anos foi o editor das edições brasileiras da revista americana (que existe desde os anos 50 lá, e desde a década de 70, cá). Como recentemente se desligou do cargo (a revista agora sai por uma editora paulista), o também cartunista resolveu se livrar de vários objetos e memorabílias referentes à revista, que ele colecionou nestas três décadas e empilhou em seu apartamento.

    O leilão (com lances a partir de R$ 1,99) acontece num dos módulos das Casas Casadas, em Laranjeiras, entre 18h30m e 20h30m. Antes disso, esteve em exposição numa das salas da casa, vários originais publicados ou não pela revista. Como um poster assinado por Sergio Aragonés (o das piadinhas marginais) quando este visitou o Brasil há alguns anos, e várias artes originais feitas por colaboradores, vivos ou mortos, da revista.

    O local é muito bacana, mas para chegar até a sala onde está a exposição e vai acontecer o leilão é preciso entrar numa livraria, subir um lance de escadas onde fica um bistrô e depois ir numa porta que fica nos fundos. Não há qualquer indicação disso e o incauto fica rodando um pouco pelo lugar (que também conta com uma sala de venda de CDs e DVDs onde acontecem pocket shows) até achar. Mas vale pelo passeio, para conhecer um ponto cultural da cidade pouco divulgado (fica na pequena rua Leite Leal, 45, que acaba na Rua das Laranjeiras, próximo à Hebraica) e que também tem uma sala de cinema gratuita.

    Do leilão, farão partes objetos como relógios, rolos de papel higiênico personalizados, originais autografados, bonecos variados, coleções completas de edições nacionais, muitas revistas e livros importados, cartas de baralhos, lancheiras e tudo o que tenha a marca Mad ou a cara do mascote Alfred E. Neuman.

    - Tom Leão

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    Mais Leilota




    Coisa de louco
    Cartunista que fez História na revista ´Mad´ brasileira vende seus tesouros em leilão




    O que parecia impossível aconteceu. Depois de 34 anos à frente da versão brasileira da revista politicamente incorreta “Mad”, o cartunista Otacílio d’Assunção, mais conhecido como Ota, deixou a publicação e faz, hoje, a partir das 18h30m, nas Casas Casadas, em Laranjeiras, um leilão com raridades relativas ao universo adolescente-esquisitão da “Mad” acumuladas durante todo esse tempo. Entre as relíquias estão revistas, originais dele e de 20 outros cartunistas (como Nani, Angeli, Carlos Chagas e Ique), pôsteres, bonequinho feito pelo artista Zé Andrade...

    — Queria fazer uma festa para fechar o ciclo, uma cerimônia de exorcismo — explica Ota.
    Esse tesouro foi se formando meio por acaso. Além de editor, colaborador e a cara da “Mad” no Brasil, Ota era também o depositário dos artistas desencanados que deixavam seus originais — feitos à mão, com guache em folha de papel vegetal — na sua casa, que durante muito tempo serviu como endereço oficial da publicação.

    — Tinha verdadeiras obrasprimas no acervo sem saber — conta Ota, enquanto revira pilhas e mais pilhas de papel. Para se ter uma idéia da dimensão da coisa, esse acervo ocupa dois apartamentos, cada um com 80 metros quadrados, na Praça da Bandeira. Só de encalhes — exemplares que sobraram nas bancas — há dois mil na casa do rapaz que, depois do mascote sardento Alfred E. Newman, foi o nome que mais apareceu na versão brasileira da revista. Foram nada menos do que 300 edições. Desde 1974, quando passou a ser publicada no Brasil, até outubro deste ano, o cartunista e jornalista só deixou de fazer entre os números 92 ao 103 das edições nacionais.



    Tanto as obras de artistas quanto as peças divertidas que estarão à venda foram selecionados a dedo. A escolha das peças começou em setembro e só vai terminar às 18h29m, um minuto antes de o evento começar. Serão 60 lotes, entre R$ 1,99 e R$ 500. As opções vão desde um rolo de papel higiênico temático (R$ 1,99, o lance inicial) a caricaturas de gente como Paulo Coelho e Delfim Netto (a partir de R$ 300), passando por um original do “Relatório Ota” (R$ 49,99). — Cada vez que abro uma caixa, encontro uma coisa melhor para entrar no leilão. Não acaba nunca — diz Ota, confessando que o processo de seleção não foi simples. — Está sendo uma tortura. Entre seus itens preferidos está uma edição especial que tinha uma contra-capa sobre papel reciclado. Para chegar ao resultado que queria, o artista juntou diversas embalagens de produtos e de revistas para simular a reciclagem e resolveu colar uma barata, de verdade, no original, para dar a impressão de que tudo (mesmo) se recicla.


    — O dono do fotolito veio pessoalmente dizer que se recusava a escanear aquilo. Poxa, e me deu o maior trabalho arrumar uma barata para colocar ali — diverte-se. Hoje, a revista, que já chegou a ter uma tiragem de 200 mil exemplares, vende cerca de oito mil unidades por mês. Ota acredita que a brincadeira ficou cara para o público-alvo, entre 11 e 14 anos de idade, custando quase R$ 6. Sem romantismo, ele sabe que a revista é uma besteira — no melhor sentido da palavra —, e que assim que o adolescente arruma uma namorada ou coisa melhor para fazer, deixa a “Mad” de lado. E não é só isso.

    Antes, os gibis e o cinema eram as únicas diversões acessíveis a esse público; agora, a realidade mudou. Tem videogame, internet, DVD...

    — O adolescente de hoje prefere baixar tudo na internet e gastar seu pouco dinheiro com outras coisas — resigna-se.

    - Marcella Sobral


    fotos: Marizilda Cruppe

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    sábado, dezembro 13, 2008

    40 anos de AI-5



    DÁLCIO


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    Por aí...


    Dá para olhar para a frente?

    o melhor mantra para reagir ao reducionismo das discussões da inteligentzia nacional

    Paste´s top 50 albums of 2008
    paste magazine

    vaidade até no confronto
    por dentro do click

    Ouça o aúdio da reunião que definiu o AI-5
    folha online

    sexta-feira, dezembro 12, 2008

    Imagens



    Clóvis Miranda
    "Martírio no Presídio"

    Prêmio Esso Fotografia 2008

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    quinta-feira, dezembro 11, 2008

    Charges




    ANGELI

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    Palavras


    A maneira esperta de manter as pessoas passivas e obedientes é limitar rigidamente o espectro de opiniões aceitáveis, mas permitir que hajam debates animados dentro
    daquele espectro.

    - Noah Chomsky

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    Por aí...

    Por falar em RS, seus 50 melhores albuns (lá deles) do ano:
    Rolling Stone

    In Defense of Piracy
    Wall Street Journal (!!!_

    isoHunt Founder Gary Fung on Copyright
    TorrentFreak via BigO

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    100 vozes

    Toda lista de preferencias culturais,
    apesar da curtição
    é idiota, e falsa, e subjetiva.

    Mas a lista recente da Rolling Stone dos 100 maiores cantores
    não ter Sinatra, Ella - mesmo roqueiros de vozeirão ficaram de fora -
    é pra jogar no lixo.
    Aliás, convenhamos, há muito tempo que RS não é parâmetro pra nada, né mesmo?

    O que vale foi terem pedido para alguns grandes cantores comentarem os mais votados
    a paixão com que, por exemplo,
    Van Morrison escreve sobre Sam Cooke
    Booker T. Jones escreve sobre Otis Redding
    Iggy Pop escreve sobre James Brown
    e outros, sobre outros, vale a conferida.

    quarta-feira, dezembro 10, 2008

    Manual do Minotauro




    Laerte - um dos artistas homenageados neste FIHR -
    lança agora uma nova série de tiras, a sequencia "Manual do Minotauro",
    que começou a ser publicada esta semana na Folha.

    O melhor é que criou um blog especialmente para publicar a sequencia
    e a cada dia, entrando lá, voce pode ler uma tira nova.




    A exposição retrospectiva de Laerte (no Centro Cultural Correios, até dia 23)
    tem um bloco inteiro dedicado à influencia da mitologia grega sobre este artista,
    com desenhos, entre outros, de duas histórias antológicas suas,
    a antiga Minotauro, da Circo
    e a atual Esfinge, da Piauí.


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    FIHR circula pelo Rio de Janeiro

    As noticias sobre o FIHR são distribuídas pelas linhas do metrô carioca:















    Clique nas matérias para ler num tamanho maior.

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    G1 publica outra fotogaleria com imagens do FIHR

    Veja estas e outras imagens clicando aqui















    clicando nas imagens, pode vê-las em tamanho maior

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    Deu na Bravo








    foto de Ana Ottoni

    Revista BRAVO! | Novembro/2008

    Confessionário: Angeli

    O chargista é homenageado com uma retrospectiva no 1° Festival Internacional de Humor do Rio de Janeiro, que se realiza até o dia 23/11

    Armando Antenore

    Há quem se atribua a tarefa de pregar o Evangelho, de libertar o Tibete ou de salvar o pica-pau-anão-da-caatinga. Angeli contenta-se em pisar com os pés sujos de barro no tapete dos outros, honorável missão que abraça desde a juventude. Quando cria histórias em quadrinhos, charges e cartuns, não almeja simplesmente o sucesso. Move-se, acima de tudo, pela gana de incomodar o público — de implodir a hipocrisia, zombar do senso comum e engordar as pulgas atrás das orelhas, como o visitante que emporcalha de propósito o chão impecável das casas que o recebem. Qualquer humorista deveria agir assim e rejeitar com energia as piadas assépticas, a correção política, o chiste dos bananas. Comediante digno do nome precisa cultivar a maldade. Ele a cultiva, e não só na prancheta. Por exemplo: se pensa horrores de fulano ou sicrano, deixa que os pensamentos corram soltos; se perde a paciência numa hora em que a boa educação recomenda o equilíbrio, explode sem culpa. — Certa época, ouvia sempre a mesma conversa de um jornalista da Folha de S. Paulo que o observava trabalhar: "Rapaz, tenho centenas de idéias para charges. Um punhado de reflexões incríveis. Pena que não saiba desenhar... Não consigo esboçar nem sequer uma bola". Na realidade, o sujeito pretendia que Angeli aproveitasse as tais sacadas maravilhosas. Uma tarde, porém, o cartunista se cansou daquilo e resolveu botar a coisa em pratos limpos: "Pois é, meu chapa, me dei melhor que você. Tenho milhões de idéias bacanas e, ainda por cima, sei desenhar bola, árvore, foguete, macaco...".

    Muitos dos personagens que inventou usam óculos escuros, apesar de raramente enfrentarem o sol: Rê Bordosa, Ritchi Pareide, Bob Cuspe, Nanico, Mara Tara, Wood & Stock. Ele próprio, em auto-retratos, costuma ocultar os olhos sob lentes negras. Entretanto, não reparava no cacoete. Percebeu-o apenas depois que alguns leitores comentaram. "É verdade!", admitiu, surpreso. "Estão todos de óculos escuros... Mas por quê?" Até hoje, não encontrou uma resposta convincente. Já disseram que o acessório representa o lado sombrio do cartunista — a sedução pela boêmia, as ressacas indomáveis, o apego desenfreado às drogas. Embora respeite a tese, Angeli não ousa ratificá-la. Considera a interpretação excessivamente literal. — Sim, tomou porres homéricos, atravessou madrugadas cheirando cocaína, uivou em bares e se entregou sem rédeas à cafajestagem. Viveu la vida loca inclusive durante os dois primeiros casamentos (da segunda união, longuíssima, nasceram os filhos Pedro e Sofia). Somente após conhecer Carol, a terceira mulher, é que o panorama começou a se modificar. Ela tinha 17 anos. Ele, 38. Àquela altura, julgava-se um "lobo meio caquético" e farejava uma boa dose de inocência na jovem que contratara como arte-finalista. Com medo de magoá-la, ou "de borrar a pureza" que as meninas revelam mesmo quando tentam parecer calejadas, decidiu abdicar da noite. Seguem juntos há mais de uma década, só que moram em apartamentos separados.

    O pai, um funileiro de ascendência italiana, adora pássaros e os desenha à perfeição. Para entreter o pequeno Arnaldo (Angeli é sobrenome), arranjava folhas de papel pardo, dessas que embrulham pães, e sacava do bolso um lápis de marceneiro. "Espie só, garoto, vou fazer um pintassilgo." E o pintassilgo irrompia magicamente no pedaço de papel barato. "Agora, um papa-capim." Enquanto admirava os traços paternos, Arnaldo ia descobrindo que possuía aptidão idêntica. Mas, em vez de sabiás ou ­cu­riós, preferia retratar caubóis, sobretudo Roy Rogers, herói onipresente dos faroestes que gostava de ver. Não satisfeito, vestia a roupa do ídolo e perambulava pelas ruas da Casa Verde, bairro paulistano onde cresceu. O pai, que freqüentemente participava do passeio, cutucava o caçula mal se deparava com um amigo: "Vamos, Arnaldo, conte quem você é". O moleque, inflado, abria um sorriso banguela, alisava a cartucheira e proclamava: "Roy Rogers!". — Séculos depois, Angeli se mudou para o edifício Bretagne, um dos mais exóticos da cidade. Tão logo se instalou, recebeu uma notícia espetacular: o ator norte-americano Leonard Franklin Slye, intérprete de Roy Rogers, comparecera à inauguração do prédio em 1959. "Você se lembra do Roy Rogers, não?'', perguntou o também cartunista Paulo Caruso, que lhe trouxera a novidade. "Se me lembro?", desdenhou Angeli. "Eu sou o Roy Rogers, cara!"

    Tempos atrás, deu um pulo na padaria com Carol. Ela comprava um sanduíche. Ele a esperava numa mesa. Ela demorou um pouco. Ele se ajeitou no assento e... cochilou! Em plena luz do dia. Dormiu de repente, sem notar, como os idosos que espreitava quando criança. Mãe, por que o vovô está dormindo ali na cadeira? Porque é velhinho, Arnaldo, e os velhinhos dormem à toa. Que lástima! Bem mais depressa do que cogitara, o neto se transformou no avô. — Completou 52 anos em agosto e ainda não abandonou o péssimo hábito de roer as unhas. Culpa da ansiedade recorrente e monstruosa, que também o impede de largar o cigarro. Já colocou band-aid na ponta dos dez dedos imaginando que o truque domesticaria a sanha roedora. Não funcionou: os curativos o impossibilitavam de desenhar. Teve de arrancá-los. Apelou, então, para o plano B: passou nas unhas um remédio de sabor horroroso indicado pela filha. Em uma semana, se acostumou com o gosto ruim. "O problema, Angeli, é que você sofre de compulsão oral", diagnosticou Laerte, colega de ofício e amigo das antigas. "Só existe uma saída para o seu caso: substituir o cigarro e as unhas por mulheres nuas, que me parecem menos destrutivas. Vamos arrumar uma porção delas, loiras, morenas, ruivas, todas lindas e minúsculas, do tamanho de um besouro. Você as espalha pela prancheta e continua trabalhando. Sempre que sentir vontade de enfiar algo na boca, agarra uma das moças e engole." O lobo meio caquético se comoveu imensamente com a sugestão.

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    Deu no Jornal do Commercio




    OS REIS DO RISO


    Entrevista de Ricky Goodwin, curador do evento,
    para Naira Sales, do Caderno Artes






    1) Como foi feita a curadoria do Festival?


    Começamos pelo núcleo principal, o das exposições de desenhos. Inicialmente, foi organizado um concurso, que é uma maneira interessante de se organizar uma exposição coletiva, aberta a um maior número de artistas, independente das escolhas da curadoria. Para diferenciar de um concurso de desenho já existente no Rio, o Salão Carioca - cujo objetivo é o de revelar novos talentos - criamos o Prêmio Desenho de Imprensa, voltado para os grandes profissionais e para desenhos já publicados na imprensa em 2007/2008. Outro enfoque diferente do Premio Imprensa foi o de privilegiar a ilustração - categoria não contemplada nos demais salões brasileiros - onde o aspecto gráfico tem mais relevância do que o humorístico.

    Para marcar o lançamento deste novo concurso, convidamos para o evento uma exposição com todas as obras que já foram premiadas nas edições do World Press Cartoon, o maior evento de desenho de imprensa do mundo, com sede em Portugal.

    Com estas duas exposições (todos os premiados do WPC e os 60 finalistas do PDI) o FIHR apresenta um painel interessante dos principais acontecimentos brasileiros e mundiais dos últimos 12 meses.


    A escolha dos artistas homenageados pelo evento nasceu de uma brincadeira. A fim de reforçar o caráter internacional do Festival - a exposição do WPC traz alguns dos melhores desenhistas do mundo - pensamos em homenagear os artistas de São Paulo, uma cidade que, vista do Rio, parece tão diferente que é como se fosse outro país. E representando o desenho paulista, escolhemos Angeli e Laerte, pelo fato de ambos estarem celebrando 35 anos de carreira, além de serem os principais desenhistas paulistas de sua geração.


    Em seguida, incluimos também uma exposição de Luis Fernando Veríssimo, nascida da seguinte reflexão: o públkico conhece bastante o Veríssimo como cronista, escritor, autor de peças de teatro, de programas de TV, mas poucos conhecem o seu lado desenhista. Pois Veríssimo também desenha há décadas personagens como As Cobrs e Família Brasil.

    Além destas cinco exposições, há a programação paralela com filmes, peças e espetáculos musicais ligados ao humor, tendo como atrações principais outro concurso, o Festival de Esquetes, e a Semana Humor do Futuro, com alguns dos melhores comediantes da nova geração.




    2) Como você definiria os trabalhos que vão estar no Festival?

    Nas exposições dos artistas homenageados, procuramos mostrar um pouco de cada fase de suas longas e produtivas carreiras. Assim, tem desenhos de vários tipos: cartuns, charges, quadrinhos, ilustrações, coisas mais artísticas, coisas mais engraçadas, desde personagens infantis a charges políticos. São exposições que vão agradar a vários tipos de pessoas.

    Nas mostras de Angeli e Laerte, procurei também um lado bastante didático, mostrando o processo de criação dos artistas, incluindo nas paredes e em vitrines, muitos esboços, rascunhos, as várias fases de certos desenhos até saírem publicados. E ao mesmo tempo que há um farto material sobre seus personagens mais famosos, há muita coisa atual ou mesmo inédita, que nunca foi publicada. Então as pessoas que cresceram lendo a revista Chiclete com Banana, por exemplo, farão uma visita nostálgica aos Correios, re-encontrando seus personagens preferidos; mas ao mesmo tempo vão se surpreender com as artes ousadas - tanto nos temas quanto no traço - que Angeli e Laerte estão produzindo agora.



    3) Comente um pouco suas dificuldades na preparação do I Festival Internacional de Humor do Rio de Janeiro?

    A maior dificuldade foi justamente a de contar, nos espaços do Centro Cultural Correios, a história da carreira tanto de Laerte quanto de Angeli. Cada um deles desenha profissionalmente há 35 anos e de forma prolífica. E usando linguagens e formatos bastante diversos. Quando começamos a pesquisa com o Angeli fizemos uma contabilidade e calculamos que, somente entre o seu acervo pessoal, há 27 mil desenhos! Os do Laerte chegam a quase esse tanto!

    Como condensar isto em exposições? Como criar uma narrativa que tenha um sentido, ou cronológico ou temático? Este foi o grande desafio. As exposições desses dois apresentam, ao todo, 540 dos seus mais representativos desenhos.

    Para contar isto de maneira interessasnte a cenografia fez uso de vários suportes diferentes. Não é uma exposição apenas de desenhos nas paredes. Há varais, cabos, ampliações gigantes, salas de leitura, brincadeiras com espelhos e outros materiais. Por exemplo: para criar um ambiente propício às pessoas curtirem seus desenhos com piadas sexuais a cenografia criou uma área circular simulando quartinho de motel, com cama redonda, espelho no teto e mais.




    4) Qual a proposta do Festival?

    A proposta principal é divulgar a produção dos artistas que trabalham com humor.

    Há propostas secundárias, como promover um encontro entre esses artistas na semana de abertura do evento, e durante a semana Humor do Futuro. Outra proposta interessante é a de fazer com que o público carioca tenha mais contato com maneiras diversas de se fazer humor, num momento em que a cidade - cujos habitantes são conhecidos internacionalmente pelo seu bom humor - passa por essas transformações de metrópole desvairada e violenta.

    E uma proposta muito importante é a de estimular outras pessoas a desenvolverem seu lado artístico e humorístico.



    5) O que tá sendo mais legal neste trabalho?

    Pessoalmente, a possibilidade de trabalhar com aquilo que é minha paixão, o humor gráfico, e a oportunidade de criar as exposições com artistas que conheço há mais de tres décadas, e que - no caso de Laerte e Angeli - são amigos próximos a mim. Coordeno também há 23 anos um projeto que distribui material de artistas brasileiros para publicação em jornais e revistas, e assim lido diariamente com desenhos desses dois.



    6) Como se desenvolve o processo criativo na hora de fazer a curadoria?

    No caso das exposições dos homenageados, tive essa vantagem de conhecer não só os artistas como a sua obra profundamente. Mesmo assim me surpreendi com coisas geniais que guardavam no fundo de gavetas, ou que não tinha visto antes.

    O processo envolve muita pesquisa, ver muita coisa, ler muita coisa,descobrir onde estão as obras, fazer levantamentos. Depois vem uma fase da maturação, em que as idéias, os blocos possíveis, as sequencias das obras, ficam girando na cabeça até decantarem de maneiras lógicas e interessantes. Finalmente, a fase de execução, planejar os mapas das paredes, trocar idéias com a cenografia e sair ordenando e montando obras em seus lugares.

    As exposições resultantes de concursos tem uma dinâmica diferente. Há a fase de divulgação do regulamento e de inscrição dos artistas. Depois vem as sucessivas fases de seleção, até chegar no Juri Final, que escolhe os premiados e os finalistas que serão expostos. Finalmente, há que se planejar, entre esses 60 finalistas, a forma mais apropriada de mostrar isso ao público, formando conjuntos que fazem sentido. Essas exposições baseadas em concursos foram coordenadas por Ana Pinta, minha parceira na PACATATU,




    7) Quanto tempo até tudo ficar pronto?

    O tempo foi o fator mais alucinante do projeto. O Festival vem sendo pensado há um ano. Pelas dificuldades em se fazer eventos de tal porte no Brasil - principalmente a captação de recursos - só pudemos começar a trabalhar efetivamente em junho. Tivemos que fazer em quatro meses o que normalmente demandaria 12 meses de execução!



    8) Que critérios você adotou para fazer a curadoria do Festival?

    Escolher as obras mais representativas na carreira de cada artista, traçando um equilíbrio entre as mais importantes historicamente, as mais belas graficamente, aquelas que o público gostaria mais de ver e as preferidas dos autores.


    A sequencia tem que formar uma história, com um roteiro, qo ue ajuda a determinar quais as obras escolhidas.

    E, como eu disse, procuro sempre incluir uma parte didática, mostrando os esboços e como o artista produz a sua obra, e uma parte de bastidores, com papéis que normalmente ele jogaria fora, ou cadernos com desenhos feitos durante viagens, etc.


    São exposições com muita volume de informação, mostras para serem lidas além de serem vistas, e que podem ser visitadas várias vezes, sempre com prazer e novidades.



    9) Qual o foco principal do Festival?

    São tantas coisas acontecendo que fica dificil evidenciar algum ítem da programação. O foco seria talvez o todo. A quantidade junto com a qualidade. A oportunidade do público apreender, em um único evento, um panorama diversificado da produção humorística contemporâneo no Brasil e em outros países.




    As ilustrações são de (pela ordem)
    Angeli e Laerte - selos
    Túlio Carapiá - ilustração em HQ
    FC Lopes - ilustração
    Carlus - ilustração
    Laerte - duas tiras
    Angeli - duas charges
    Bruno Drummond - tres tiras


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